quarta-feira, janeiro 11, 2006

A MORTE DO TITÃ



"Do grande ventre da noite a manhã rompeu em dor,

sobre a terra palpitante ronca feroz a trovoada,

O Titã acorda enfim, sua cara ensanguentada,

E o rude carvalho arranca, brutal, em seu estertor.

Em agonia mortal delira e, ao seu rugido,

Aves tremem, a costa afunda-se em mar e de terror

Rios secam, montes sucumbem no seu interior,

Rochedos fendem e o manto das nuvens é rompido.

Uiva o relâmpago, os mares extravasam em estrondo;

O gigante vacila e então, com um embate hediondo

Cai, e dos tronos brilhantes as estrelas irrompem.

Caiu; a terra alarmada, em louca fúria ferida,

Fendeu, rompeu, vergou; no ar, o eco da praga ouvida;

Mas no céu, o sol continuou a sorrir em seu desdém."