quarta-feira, agosto 31, 2005

A estrada de tijolos dourados para Varge Mondar

Apesar de parecer um francesismo emigrantolas Varge Mondar não quer dizer mais do que fazer a monda na várzea ou vargea, isto é: o acto de tirar as ervas daninhas do meio da cultivação pretendida, neste caso em terrenos planos perto das margens de um rio.
Ora que eu saiba não há nem nunca houve um rio ou qualquer linha de água digna de importância a ponto de se atribuir este nome a esta região (corrijam me por favor posso estar enganado).

Ora esta zona situada entre a IC19 a A5 e a N6, pertence ao mágico concelho de Sintra, mas contudo, na magia, tal como na palavra “Abracadabra” ou “Hab´rakah” ou “Abraxas”, (Deus dos Basilídeos Egípcios relativo ao bem e ao mal), há um lado divino e um lado demoníaco no mesmo corpo.
Ou seja onde há Património da Humanidade, também há Merda da Grossa!

Acontece que na tão afamada viagem que nos realizamos, como os leitores sabem à Galiza, tocou me a mim levar viatura, como tal, fazer a recolha inicial e entrega final dos respectivos participantes.
Assim dia 3 de Agosto combinei com o caríssimo sócio ir busca-lo e não entendi quando ao insistir para ele me dar a morada da sua residência, para o ir buscar, este fez se rogado e retorquiu “escuta o que eu te digo… é melhor eu ir buscar-te não das com aquilo!...”
Ora eu todo Artolas Racing Navigator Toni, tendo estudos avançados na área das cartografias, ainda para mais estando a “construir” em Varge Mondar, tendo até, certa vez visionado uma planta da zona, em bicos de pés e por entre ombros…foi de nariz torcido que aceitei encontrar me numa rotunda.
E assim foi, dia 4 lá estava eu antes da hora (coisa que não e normal) a seguir o nosso sócio até a sua residência.
Enquanto via na realidade as cotas e edifícios que ate então só vira em CAD pensava:

“Foda-se! Quando estudava Corbusieres , Lloyd Wrightes, Aaltos, e o caraças, não fazia mesmo puto de ideia o que me ia acontecer..
Condenado a projectar exactamente o que me era censurado durante a faculdade...”

E com disposição e horário de quem não esta a ser remonerado durante o estágio, contribuo hoje, indiferente para o crescimento urbano de Varge Mondar, (terra do meu caríssimo sócio), seguidor de um PDM rigoroso, mas que se caga plenamente para qualquer noção e vontade, qualquer que seja ela de fazer Arquitectura criativa e de qualidade, (sem querer por em causa a qualidade construtiva, funcional e económica das moradias construídas pelo meu atelier).
Porque atenção, eu ate sou a favor das casas “bolo de noiva” ou “pato bravo” que se construíram desde o 25 barra 4 ate hoje por esse país fora. Por nelas ver algo de bom na “escultura” em tempo real por parte do utilizador quer seja ele o proprietário ou o “mestre-de-obras”, que mesmo sem noção de estética ou estática académica, faz o que tem na real gana. Quer 17 quartos, faz 17 quartos, quer colunas neoclássicas, põe colunas neoclássicas, quer azulejos do Camboja, assenta azulejos do Camboja, etc.
Mesmo assim vejo nelas mais pensamento e gesto arquitectónico, do que nas pseudo modernas em cubos brancos, com rasgos de 5 metros, com palas em todas as fachadas, quer seja norte, sul, zona costeira ou interior, sendo que essas sim vêm nas revistas com alumínios a luzir e as outras não.

As primeiras são pirosas e coloridas, mal construídas as vezes, mas tem um fio condutor facilmente legível desde o pré-romano ate hoje, alem disso é nosso, é o Tuga a pensar e a erguer tijolo por tijolo, tendo por exemplo em conta variáveis inconscientes como os factores culturais, geográficos, etc.
As segundas alem da não existência de qualquer ligação tradicional connosco, parecem ter caído do espaço e ao mesmo tempo encaixarem no México, Antártida, Senegal etc.
Mas meus amigos o que ando, (sim, ando, EU ando a…) a fazer a Varge Mondar não é nem um, nem outro tipo que tenho vindo a descrever. (Mas isso prometo que fica para outro post neste blog).

Conclusão desta historia:
Não é que hoje não sei lá voltar?! Que raio de terra tão pequena e tão confusa! Entre zona industrial, zona rural e zona urbanizada ou urbanizavel, devemos ter feito uns 300kms desde a saída do IC19 ate chegar a sua porta, situada numa transversal por onde se arriscava a vida para entrar e sair, confiando numa tampa de panela que vim a saber mais tarde que se dizia ter sido um espelho em tempos.

Caro sócio: uma coisa é certa (e pelo que sei do seu amigo que andou uma semana desaparecido por Varge Mondar a procura da sua casa), Ninguém lhe aparecerá nunca de surpresa em casa pelo menos enquanto viver ai.

De qualquer maneira peço desculpa por qualquer OVENI (Objecto Vergonhoso mas Económico Não Identificado) pois poderá ser meu ou da casa de defendo.
Sei que vou pagar um dia mais tarde por isto…na terra ou no inferno…


1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Se nao encontravas a casa dele em Varge Mondar, então nos Francos nem sequer adarias lá perto! acredita no que te digo!

quarta-feira, 31 agosto, 2005  

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